Organizado Francisco Matthews
Fecha 02 de julho de 2020
Quando um gerente de finanças apresenta à diretoria a estratégia para gerenciar a liquidez ou discutir sobre o risco de crédito, a diretoria tem um entendimento completo do assunto. Porém, o mesmo não acontece quando o tema exposto é o risco cambial.
Acho que entendo por que isso acontece. Por um lado, a gestão do risco cambial envolve a utilização de instrumentos derivativos, de difícil compreensão e que têm sido protagonistas de muitos escândalos financeiros, o que gera certo cepticismo da parte de alguns. Por outro lado, todos têm uma opinião sobre a próxima movimentação do dólar, então quando em uma diretoria a metade pensa que vai subir e a outra metade pensa que vai cair, o gerente financeiro fica em uma situação complicada e geralmente a decisão é não fazer nada. Ter uma política de gestão de risco cambial documentada, com um objetivo claro e definido, é o primeiro passo para alinhar a diretoria com a administração no que diz respeito à gestão do risco cambial.
Os gestores financeiros têm se deparado com a gestão de restrições de liquidez acompanhadas de alta volatilidade da moeda, o que cria um cenário complexo, mas quando a diretoria tem um profundo entendimento da estratégia implementada pela gerência financeira, isso torna a sua gestão muito mais eficiente.
A falta de entendimento sobre estratégias de hedging por parte das diretorias é, na minha opinião, uma das principais desvantagens para que as equipes de finanças possam gerenciar adequadamente o risco cambial.
Na minha experiência, a maioria das diretorias olha para a conta da diferença cambial. Se ela tende a zero, eles acham que está tudo sob controle. Uma minoria entende perfeitamente como a exposição contábil está vinculada à margem operacional, portanto, quando a diferença cambial é negativa, eles pensam que a gestão financeira não está controlando adequadamente o risco cambial.
Acredito que os diretores devem ter uma visão geral da exposição da empresa ao risco cambial (não apenas contábil) e ter clara a sensibilidade dessas exposições a diferentes cenários; não significa que eles os administrem, apenas que os compreendam.
Acredito que os diretores devem ter uma visão geral da exposição da empresa ao risco cambial (não apenas contábil) e ter clara a sensibilidade dessas exposições a diferentes cenários; não significa que eles os administrem, apenas que os compreendam.